A crise de credibilidade nas instituições nunca esteve tão grande e a confiança no que dizem as empresas privadas nunca foi maior do que agora. Essas conclusões fazem parte da nova edição de um dos mais importantes relatórios do mundo sobre o assunto: o Edelman Trust Barometer 2021.
Divulgado em 13 de janeiro, o relatório reúne dados sobre confiança e aponta tendências em diversos setores. Desta vez, a pesquisa on-line foi feita entre 19 de outubro e 18 de novembro, com mais de 33 mil adultos (18+), em 28 países, incluindo o Brasil.
O estudo deste ano mostra que as empresas não são apenas a instituição mais confiável entre as quatro estudadas – empresas, governo, ONGs e mídia –, mas também a única considerada ética e competente, com 61% de confiança em todo o mundo.
Essa percepção tem elevado as cobranças da população para que a iniciativa privada resolva questões sociais não solucionadas pelos governantes: 68% das pessoas acreditam que os donos de empresas deveriam agir quando os governos não fazem sua parte e 86% esperam que os CEOs se posicionem sobre grandes problemas como a pandemia e a automação do trabalho.
Crise de confiança na informação nunca foi tão grande
Por outro lado, negócios que sobrevivem basicamente de informação, como as mídias sociais e a mídia tradicional, foram consideradas as instituições menos confiáveis por 35% e 53% dos entrevistados, respectivamente. Cinquenta e nove por cento das pessoas acreditam, por exemplo, que jornalistas estão propositalmente tentando enganar as pessoas dizendo coisas que sabem ser falsas.
Para Richard Edelman, CEO da Edelman, estamos vivendo a falência da informação. “Os responsáveis mentem para nós e as fontes de mídia são vistas como politizadas e tendenciosas. O resultado é a falta de informação de qualidade e o aumento da divisão. O violento ataque ao Capitólio, nos EUA, e o fato de que apenas um terço das pessoas está disposto a receber uma vacina contra a Covid-19 o mais rápido possível cristalizam os perigos da desinformação”, opina.
O que podemos aprender com os números?
A seguir, breves lições extraídas do relatório da Edelman:
1. As empresas precisam abraçar as demandas e expectativas depositadas nelas, com CEOs liderando não apenas nas questões que já lhes são familiares, mas aprendendo a gerir igualmente temas sobre os quais eles não eram cobrados antes. Neste sentido, é fundamental tomar medidas relevantes primeiro e depois comunicá-las.
2. Líderes sociais precisam orientar com base em fatos e exercitar a empatia. É preciso ter coragem de falar sobre os problemas de forma direta e clara, sempre abordando de maneira empática os principais medos das pessoas.
3. Forneça conteúdo verdadeiro, imparcial e confiável. No médio e longo prazos, essa postura resguardará a instituição à qual você pertence e poderá ser utilizada para restabelecer a confiança nela.
4. As instituições precisam se integrar para resolver problemas. Empresas, governo, mídia e ONGs devem encontrar um propósito comum e tomar medidas coletivas para resolver problemas sociais.
FAÇA AQUI O DOWNLOAD DO EDELMAN TRUST BAROMETER 2021 (Versão em inglês. A tradução para o português ainda não está disponível.)
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Rodrigo Rocha é jornalista e sócio do Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada