Já faz algum tempo que o design tem se desprendido das questões estéticas, por meio do design gráfico, e tem passado a ser também visto como uma ciência, uma alternativa para solucionar problemas. Muito utilizado por empreendedores, o design thinking (pensamento do designer) surge como uma possibilidade de criar e aprimorar projetos e serviços.
Participei do 10ª Edição do Prêmio Universitário ABERJE no começo de novembro deste ano e o desafio era criar um plano de comunicação usando o passo-a-passo do Design Thinking.
O QUE É?
Design Thinking (DT) é uma metodologia para encontrar a melhor solução para o problema em questão. Normalmente ligado à inovação, o design thinking apresenta como seu maior diferencial o foco em entender o problema, muito antes de chegar à solução.
Normalmente, quando sua empresa tem um problema, a maior preocupação é em resolvê-lo a fim de causar o menor dano possível, e às vezes, passam despercebidos outros fatores que podem ser geradores de outras problemáticas. Mas isso não quer dizer que o Design Thinking seja uma atividade demorada, muito pelo contrário: a ideia é que os processos sejam aplicados de maneira rápida e reaplicados, caso necessário.
– A primeira parte é o entendimento. É o momento de avaliar todo o contexto no qual seu problema está inserido. Caso o objetivo seja criar um projeto, ao invés de resolver algo, o princípio é o mesmo: entender toda a conjuntura e coletar o máximo de informações que façam parte desse contexto.
– A segunda parte é a redefinição. Nessa etapa é importante que todas as informações coletadas sejam analisadas e sintetizadas, de forma que sejam criados padrões e uma lógica que permita a compreensão do problema em questão.
– A terceira etapa é a ideação, ou seja, é hora de pensar em soluções para os problemas/projetos. Nesta etapa é comum que ocorram brainstormings, sessão de co-criação e escuta ativa às ideias de todos que estão inseridos no processo em questão. É neste momento também que são criadas as personas (você pode ler mais sobre aqui e aqui).
– As terceira e quarta etapas são prototipagem e testes. É hora de dar o START na solução encontrada, é o momento que ideias abstratas ganham conteúdo formal e material, de maneira a ser colocada em prática. Em seguida, o momento de testes e avaliação é uma etapa muito importante para validar a solução, assim como entender se o impacto que ela teve foi o esperado. Caso não tenha sido, é hora de passar por outro processo de Design Thinking.
E A COMUNICAÇÃO?
Até agora falamos do DT para solução de problemas e criação de negócios, mas e a comunicação? Como eu disse lá no começo do artigo, o desafio do Prêmio ABERJE deste ano foi usar o DT para melhorar a imagem da BAYER.
Desde que comprou a Monsanto (empresa de agrotóxicos e sementes fortificadas), a Bayer foi duramente criticada e sentiu que sua imagem abalada por fundir-se com a outra empresa. Por fim, o desafio era criar um Plano de Comunicação que melhorasse a imagem da organização para convencer as pessoas e para que confiassem que a fusão foi pensada para a melhoria da economia do país.
Diante do desafio, usamos o DT, com foco no problema, na criação das personas e, por fim, na ideação, prototipagem e testes do plano de comunicação.
Depois do desafio, constatamos que a metodologia do DT tem tudo a ver com comunicação, seja ela interna, externa, para campanhas ou projetos mais longos e até para gestão de crises. Os processos são excelentes para pensar em Comunicação: identificação de um problema, suas barreiras e as maneiras possíveis de superá-las.
No caso da Bayer, nosso grupo entendeu o contexto do agronegócio e agrotóxicos no Brasil, desde sua movimentação do PIB no Brasil até os discursos de quem é contra essa área. Decidimos atuar com pessoas que não entendem muito sobre o agronegócio e que poderiam ter posições favoráveis ao assunto: um jovem estudante e uma mulher dona de casa. A partir daí criamos ações online e offline que abordariam a temática do Agronegócio no Brasil e mostrando as vantagens da aquisição da Monsanto pela Bayer.
Entendemos, por fim, que por meio do Design Thinking podemos pensar especificamente no problema a ser resolvido, criar personas que representem o público-alvo de interesse e desenvolver estratégias que resolvam o problema em questão criando projetos, ações e planos de comunicação mais assertivos.
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Larissa Sampaio é estudante de Comunicação Organizacional na Universidade de Brasília (Comorg/UnB) e estagiária no Conversa Coletivo de Comunicação Criativa.