Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada

Design thinking: soluções inteligentes para problemas complexos

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Design o quê?

Problemas existem em todas as esferas. Soluções também. O primeiro nem sempre podemos controlar; o segundo, sim. Não só controlar como aprimorar e potencializar. 

É aí que entra o design thinking

Design é uma ação de projetar algo – produto, desenho, processo.

Já o design thinking é um modelo mental para construir uma solução. É a maneira de pensar um projeto.

Muito embora a palavra design nos sugira, hoje, aspectos mais relacionados à estética das coisas, a aparência atraente e o exterior bonito, seu conceito vai além e prova ser uma ferramenta valiosa para a estruturação e execução de projetos.

Tim Brown, uma das grandes vozes do design thinking, sugere que encaremos o design menos focados no objeto e mais na maneira de pensar para que possamos alcançar resultados mais impactantes e eficientes.

“A forma segue a função”

A famosa frase do arquiteto americano Louis Sullivan, escrita no artigo de 1896 “The Tall Office Building Artistically Considered”, resume bem o princípio do design thinking e do contexto em que Sullivan viveu: o Modernismo, movimento que não nega o valor da estética, mas defende que a beleza deve sempre ser guiada pela funcionalidade.

A cadeira é um ótimo exemplo disso. Sua função: sentarmos nela. Mas não basta ser bonita, tem de ser minimamente confortável. Como somos criativos, inventamos novas funções para esse objeto conforme nossas necessidades: quem nunca usou uma cadeira como banco ou escada?  

Um problema bem definido (forma) tem uma solução precisa (função).

Evolução do design

Analisando a evolução do design, vale destacar três grandes períodos:

  • O design na pré-história: servia como linguagem da comunicação.
  • O design moderno: focado na produtização, no produto e na sua aparência.
  • O design hoje: multifuncional.

Saímos de uma posição mais passiva para uma mais ativa, em que o design evoluiu do visual para o industrial e chegou à interação

E interagir significa reconhecer, antes de tudo, que estamos sempre lidando com pessoas. O design deve, portanto, sempre colocar o usuário no centro para atender a necessidades reais.   

3 princípios do design thinking

Colaboração

Trata-se do acolhimento de pessoas de diferentes áreas e com distintas experiências de vida que contribuem para o não enviesamento de um projeto ou ideia e para a busca de novas soluções por meio da inteligência coletiva.

Experimentação

O mundo jamais saberá o quão incrível sua ideia é se ela não sair do papel. A experimentação é sobre testar inúmeras vezes para apontar falhas e descobrir o que deu certo.

Empatia

Se hoje a palavra-chave para o design é interação, e interagir significa reconhecer, antes de tudo, que estamos lidando com pessoas, toda e qualquer interação deve (ou deveria) partir do princípio da empatia. 

No design thinking, empatia significa abdicar de pré-suposições para encarar um problema com um olhar limpo. Precisamos identificar quem são nossos usuários para então reconhecer o comportamento deles e, assim, distinguir o que sentem e ajudá-los. 

É entender que marcas são pessoas e que o valor da marca está no valor percebido pelo público que a consome e precisa fazer sentido tanto para a marca quanto para os clientes. 

Confira como a autora Brené Brown explica empatia de maneira simples e didática.

5 princípios do design de serviços

Usuário no centro

É a ideia que já discutimos acima: ter empatia, entender as dores do usuário (e quem ele é) e pautar seu produto na solução de problemas e necessidades reais.

Cocriação

Partir da colaboração. Trabalhar com inteligência coletiva para construir um ponto de vista compartilhado do problema e de sua solução. Um bom exemplo é a marca Lego, que, em sua plataforma on-line, permite que pessoas enviem ideias de brinquedos com as peças que podem se transformar em modelos novos oficiais.

Sequencial

Trata-se de entender a jornada da pessoa que vai consumir o produto. Quais momentos fazem parte das interações entre marcas e usuários? Mais uma vez, voltamos ao ponto de entender quem consome sua marca.

Evidencial

Tangível, o que podemos ver, tocar, cheirar. Artefatos. Quais serviços precisam ser evidenciados na sua marca? Brindes distribuídos ao fim de cursos ou em alguns eventos são ótimos exemplos disso.

Holístico

Precisa ser completo e abarcar todas as esferas, apresentando padrão e coerência em todas as entregas da marca. 

Processo criativo

O processo criativo é a criatividade aliada a diferentes métodos.

Criatividade nada mais é do que uma ferramenta para resolução de problemas. É ligar os pontos.

Método é o caminho a ser percorrido até a solução.

A palavra criatividade mete medo em muita gente. Parece algo quase místico, que vem quando menos esperamos e que só chega para um grupo seleto. Mas a verdade é que ela pode ser treinada como qualquer outra habilidade. 

Vale ressaltar, entretanto, que só conseguimos ter ideias a partir do que conhecemos, isto é, do nosso repertório, composto por tudo que consumimos, vemos, visitamos: música, livros, filmes, roupas, estilos, lugares. Eternamente em construção enquanto estivermos vivos.

Também perpetuamos erroneamente a noção de que criatividade vem do caos. Pode até ser, mas, na maioria das vezes, o método é seu melhor aliado. 

Alguns métodos que podem ajudar a destravar a criatividade são: 

  • Free fall writing (“escrita em queda livre”): atividade individual de escrita contínua durante poucos minutos de todas as ideias que vierem à cabeça, sem tirar a caneta do papel.
  • Brainstorm negativo: pensar em tudo o que pode dar errado em um projeto. Isso ajuda a ter perspectiva sobre os problemas.

O processo de design

O primeiro passo é criar o design (a estrutura) do próprio processo. Todos somos capazes de criar algo, por mais simples que seja. E método é fundamental para estimular a criatividade. Para isso, algumas ferramentas podem ajudar. 

Uma delas é o Canvas, ferramenta simples de planejamento em formato de quadro que ajuda a clarear, organizar e facilitar soluções, além de direcionar perguntas.

Etapas

Explorar

É a parte que mais toma tempo em um projeto. O objetivo é encontrar o real problema primeiro, e não a solução. 

Porque a solução está no próprio problema. Quanto maior a compreensão sobre ele, mais simples e rápido será solucioná-lo. 

Deve-se explorá-lo e descobrir quem são seus usuários, entendendo o contexto, buscando em diferentes fontes e mapeando informações relevantes.

Afinal, a solução certa não resolve o problema errado. 

O entendimento repentino de um problema ou de como resolvê-lo é o que chamamos de insight. Entender o problema é a base para a resolução de forma criativa.

Há diversos métodos para auxiliar essa fase:

  • Pesquisa de mesa

Aquela que você pode fazer, literalmente, sem precisar sair da sua mesa. Ferramentas e sites como Google, Google Trends, Ibope Inteligência e IBGE podem oferecer informações valiosas sobre tendências, comportamentos e dados demográficos.

  • Formulários

Plataformas on-line como Google Forms, Typeform e Mentimeter são ótimas ferramentas para deixar seus usuários expressarem suas opiniões à vontade e, com isso, ajudarem você a entender mais sobre o que pode funcionar melhor para sua marca.

  • Entrevistas

Um método já tão consolidado que é praticamente infalível, desde que você se prepare: comece com perguntas gerais – nome, idade, ocupação, onde mora, rotina – aprofunde fazendo relação com o tema sobre o qual quer discutir, experiências que o usuário já teve, sonhos e finalize explorando as percepções mais gerais sobre o tema, o que mudaria, e agradeça.

  • Grupos focais

São interessantes para analisar reações grupais a um tópico/produto sugerido pelo pesquisador.

  • WhatsApp

O aplicativo é o que mais usamos hoje para manter contato com as pessoas. Com os usuários, também pode ser interessante para dar retorno sobre a entrevista, marcar outra conversa, tirar dúvidas. Lembre-se sempre do bom senso de não invadir o espaço pessoal alheio!

  • Boas conversas!

Não à toa nos chamamos “Conversa”: acreditamos no poder de contar e fazer histórias. Um bom papo é sempre uma excelente porta de entrada para conhecer seu usuário.

  • Shadowing

Método em que você vira a sombra de alguém e acompanha suas atividades para aprender mais sobre sua função.

  • Day in the life

Outro método observacional em que você passa um dia no lugar de uma pessoa (geralmente usado em ambiente de trabalho) para entender como ela gerencia seu tempo, que atividades desempenha e onde podem estar possíveis problemas.

Idealizar

É o momento de chuva de ideias!

4 passos para qualquer sessão de brainstorming

Problema claro

O que discutimos acima: a solução do problema está no problema. Encontre-o e delimite-o antes de pensar em soluções.

Regra de atividade

Deixe estabelecido como funcionarão as dinâmicas usadas para trazer à tona ideias novas para evitar perda de tempo.

Tempo de cada atividade

Delimite a duração de cada dinâmica para o grupo não dispersar nem se perder.

Momento de convergência

Reúna tudo o que foi discutido para iniciar a análise.

Prototipar

Hora de colocar a mão na massa com base nas ideias que mais se adequaram à solução do problema encontrado. Fase de dar vida ao que foi discutido. 

Implementar

É o momento de testar o modelo criado. É a implementação que permitirá avaliar se deve-se ou não voltar um passo e refazer o processo. É o teste.

Todos somos designers

Todos somos designers, porque todos somos capazes de projetar algo. Espero que as dicas acima ajudem você a encontrar soluções inteligentes e práticas para problemas simples ou complexos, independentemente da área em que atua.

Confie no processo, confie em você e busque sempre aprender fazendo.

As informações acima foram tiradas de um curso que fiz sobre Design Thinking pela empresa Look n Feel em novembro de 2019. 🙂

Leia também: Design Thinking e Comunicação: uma maneira de resolver problemas

Gabriela Brito é Analista de Comunicação do Conversa.