Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada

A ansiedade está te deixando menos produtivo?

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Ansiedade é excesso de futuro. Ouvi uma vez esta frase, não me lembro de quem, mas nunca mais a esqueci. Todo ansioso vive no amanhã, nos cenários que podem acontecer e que, geralmente, não são bons. 

Um estudo da Universidade de Cornell, por exemplo, apontou que 85% das situações com as quais as pessoas se preocupam nunca acontecem. E das 15% que se concretizam, 79% das pessoas lidaram melhor com o problema do que imaginaram.

Como na definição no dicionário, a ansiedade provoca um “grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia”. Quem é ansioso sabe que não é possível ter ansiedade em apenas uma área da sua vida. Não é um interruptor que você desliga quando sai de casa ou do trabalho. Ela é uma companheira fiel e insistente. 

A ansiedade é tóxica. Ela ataca nossa qualidade de vida e atinge o nosso desempenho profissional. E é sobre isso que eu quero falar. 

Ansiedade é inimiga da produtividade

Vamos entender produtividade não como fazer o máximo de coisas no menor tempo, mas como a execução de atividades que importam e de maneira eficiente. 

Como a ansiedade prejudica a produtividade:

  • Desempenho aquém no ambiente de trabalho. 
  • Relacionamento conflitivo ou superficial com os colegas.
  • Queda da qualidade das atividades de trabalho.
  • Relacionamento conflitivo com os gestores.
  • Tomada de decisões equivocadas.

Como gestora, lido com pessoas ansiosas todos os dias e vejo os pontos acima acontecerem o tempo todo. Lido com empatia, porque eu também sou uma pessoa com ansiedade crônica. Às vezes sinto que falhei comigo e que falhei com elas por não poder ajudar mais. Afinal, um dos mitos da liderança é de que nós, líderes, conseguimos superar nossos próprios problemas em prol do bem da equipe. O que seria um absurdo, já que o verdadeiro líder reconhece sua condição de humano e, portanto, de um ser que erra, que também tem medo , que anseia. 

Venho aprendendo a lidar com a ansiedade no trabalho de forma mais empática. Primeiro comigo, como quem coloca a máscara de ar em si para depois poder ajudar os outros. Sempre que a ansiedade ataca, lembro que gastar energia com preocupações significa perder um tempo valioso para estar aberta à criatividade para resolução dos problemas. 

O que as empresas podem fazer para ajudar seus colaboradores?

Um passo importante é criar uma cultura de acolhimento para que seus colaboradores se sintam à vontade para falar sobre o assunto e não sintam medo de serem retaliados por não estarem conseguindo ser tão produtivos. Muitos funcionários sofrem de ansiedade sozinhos, com medo de parecerem frágeis e de serem punidos. Em tempos pandêmicos, uma lupa é colocada sobre nossos sentimentos e tudo aflora em maior grau. Uma empresa comprometida com as pessoas e seus resultados precisa considerar isso.

O acolhimento passa também por conhecer melhor cada colaborador e se interessar por ele individualmente. Sabendo o que cada um passa, é possível evitar problemas graves, como a síndrome de Burnout. 

Especulações causam ansiedade. Como gestor, seja transparente em relação às ações da empresa, como ela está, para onde ela vai. E tão importante quanto: como ela pode repensar processos de trabalho (flexibilidade de horários, redução do número de reuniões, revisão de metas e prazos, entre outros). 

O que fazer quando a ansiedade no trabalho bater?

Vivemos um momento onde nada é certo. Estamos isolados, desamparados, ansiosos pelo dia que isso tudo vai acabar. E como isso não vai afetar o nosso desempenho no trabalho, que agora, para grande parte das pessoas, é executado em casa? 

Tenha consciência da sua ansiedade e se pergunte se ela faz sentido e como você pode resolvê-la com a ajuda de colegas de trabalho e de gestores. Às vezes, é só falta de informação sobre determinado projeto, falta de orientação ou ainda uma percepção errada sobre o seu trabalho. 

Um relato pessoal sobre como a ignorância não é amiga da ansiedade e do medo e por que eles tendem a ir embora quando os encaramos de frente. Eu tinha fobia de voar e, por muito tempo, precisei de remédios para conseguir estar lá em cima. Hoje, eu adoro aviões. Como consegui mudar isso? Com informação. Comecei a ler sobre mecânica de aviões e vi o quanto é um meio de transporte seguro. Adeus, medo!

O trabalho remoto nos possibilitou flexibilizar nossos horários e intercalar atividades profissionais com agendas pessoais. Sendo assim, busque momentos de descompressão, pequenas janelas durante o dia que te ajudem a desviar o foco do problema. 

O velho óbvio que todo mundo já fala, mas que sempre precisa ser dito: adote comportamentos saudáveis, como atividades físicas, alimentação saudável, meditação e integração com amigos – sejam do trabalho ou da vida pessoal. 

E, por último, mas talvez o mais importante para uma pessoa ansiosa: abrace o erro como um aprendizado. O ansioso martela o futuro buscando saídas perfeitas e elas não existem. Errar faz parte da condição humana e é necessário para o amadurecimento. Então, acolha os erros, aprenda com eles, coloque-os no seu devido lugar no passado e encare o presente. 

Ansiedade é um excesso de futuro que não existe, que não pode ser controlado e que, provavelmente, vai ser bem menos trágico do que você imaginou.

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Kadydja Albuquerque é jornalista e sócia do Conversa Estratégias de Comunicação Integrada