A @contente.vc recentemente fez um post que me chamou muito a atenção. Nele, elas informavam que, segundo um levantamento feito pela multinacional Nielsen, o Brasil bateu a marca de mais de 500 mil influenciadores digitais, número equivalente à quantidade de médicos registrados no Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2022.
Quando eu li a publicação, imediatamente pensei: o número parece grande, mas onde estão esses 500 mil influenciadores digitais entre as pessoas que eu mesmo identifico no meu perfil pessoal como pessoas que me influenciam? E nos perfis dos meus amigos, dos meus clientes, das pessoas que podem consumir o que eu vendo e o que os meus clientes vendem?
A pesquisa da Nielsen considera influenciadores aquelas pessoas com pelo menos 10 mil seguidores em uma rede social. Não vou questionar o critério, até mesmo porque eu acredito que o assunto aqui poderia render uma bela pesquisa acadêmica. Mas isso aqui é bem importante: dados trazidos em matéria da Exame mostram que 67% dos usuários do Instagram no Brasil seguem algum influenciador digital e outros 55% disseram já ter comprado algo indicado ou utilizado por um influenciador digital.
Contudo, a minha maior curiosidade no momento é a seguinte: os influenciadores digitais são apenas digitais ou carecem de validação das mídias que vieram antes para se consolidarem? Aquela sensação de que qualquer um pode fazer qualquer coisa a partir da Internet continua, foi domada, se adaptou? Os meios de comunicação tradicionais se impuseram e a Internet se moldou?
Sim, eu sei, são muitas reflexões que dariam até teses de mestrado e doutorado. Mas, longe de mim querer sair deste texto com uma resposta definitiva. Aqui, minha intenção é refletir junto com você. Então deixa eu apresentar a minha hipótese: eu acredito que os maiores e mais respeitados influenciadores digitais são sempre os validados pelos canais mais tradicionais de comunicação. E, por isso, aqueles que ainda estão “somente” na Internet buscam extrapolá-la como forma de se consolidar.
Jade Picon
Não fosse assim, por que alguém como @jadepicon, que já tinha 13,5 milhões de seguidores no Instagram, entraria no BBB e, mais ainda, buscaria um papel numa novela global sem nunca sequer ter demonstrado qualquer interesse anterior pelo assunto? Veja o vídeo da influencer recebendo a notícia de que integrará o elenco da nova novela da Globo.
Maíra Azevedo
Uma das influenciadoras que eu sigo e mais gosto de acompanhar, a Maíra Azevedo (nas redes ela é a @tiamaoficial), fez outro dia um post sobre a despedida da Fátima Bernardes no programa Encontro e contou como acabou integrando o elenco da atração das manhãs da Globo. Ficou bem evidente, para mim, que a Internet deu a ela a oportunidade de furar a bolha e levar discussões muito relevantes para o mainstream. E isso a fortaleceu muito como influenciadora também.
Olhando de outra forma: quem precisa de quem? As mídias tradicionais parecem precisar dos influenciadores para se manter relevantes. Não à toa, gente muito conhecida na Internet tem sido convidada para apresentar programas de TV, como a @luaxavier, que integra o time da temporada atual do Saia Justa, no canal GNT.
Jojo Todynho
Outro bom exemplo: a @jojotodynho recebeu há poucos dias – e aceitou! – um convite ao vivo da Ana Maria Braga para ter um quadro fixo no seu programa na Globo. O sentimento que fica: a Jojô venceu! Mas ela já não havia vencido? Ela tem mais de 22,5 milhões de seguidores apenas no Instagram, faz campanhas para Gaultier, participa de semanas de moda em Paris…
A cada parágrafo que escrevo, abro mais uma porta para outro e outro TCC… rs! Mas isso fica para outro momento. Com essas reflexões iniciais, eu quero mesmo é te provocar a refletir um pouco sobre duas questões: as suas próprias práticas de consumo de conteúdo e as práticas que o seu negócio tem adotado para chegar até os consumidores que deseja.
O quão influenciados nós temos sido por pessoas que estão só na Internet? O quanto somos influenciados por quem se consolidou fora da Internet e a usa como uma das formas de ser influente? Por que ainda é tão importante sair da Internet para ser forte na Internet?
Vou sair daqui com mais perguntas do que entrei, e espero que você também. Podemos continuar conversando sobre o assunto aqui e nos canais do Conversa nas redes, ok? Mande sua mensagem!
E, se você quer conhecer mais sobre o poder de uma estratégia de influência digital bem feita, nos procure e agende uma conversa. Tenho certeza de que podemos ajudar sua marca.
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Abraços!
Rodrigo Rocha é jornalista e sócio do Conversa Estratégias de Comunicação Integrada