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O que a vida quer da gente é só coragem?

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“O que a vida quer da gente é coragem”. Essa é uma das frases mais famosas do escritor Guimarães Rosa e que muitos de nós utilizamos para dar aquele impulso ou justificar uma tomada de decisão importante. No entanto, quantos de nós temos coragem suficiente para agir? E será que é só preciso ser uma pessoa corajosa?

Não há uma única fórmula que nos ensine a tomar decisões corretas em direção a mudanças e a identificar quando elas devem acontecer, independentemente da área em sua vida. E que bom que seja assim. Como não há uma fórmula, não há também um prazo para que isso aconteça. Se você acredita que ontem foi o melhor momento, aqui está uma notícia boa: hoje e amanhã também são.

Tomar decisões que vão alterar o rumo da sua vida demanda não apenas coragem, mas autoconhecimento e planejamento.

Onde o sapato aperta

Só nós sabemos, não é mesmo? Não adianta o seu terapeuta, ou coaching, ou melhor amigo falar que você deve mudar algum aspecto da sua vida. Nós sabemos melhor do que ninguém o que nos incomoda. No entanto, em alguns momentos menosprezamos esse incômodo que mais parece uma placa de neon alertando que é hora de tomar um novo rumo. Para isso, precisamos de autoconhecimento.

Só a evolução do processo de se autoconhecer é que vai nos fazer entender que já deu. Já deu aquele namoro, aquele emprego, aquele hábito que está nos fazendo infeliz, aquelas crenças negativas que carregamos a vida inteira. Esse deve ser o seu primeiro investimento: conhecer quem você é, seus defeitos e qualidades. E o mais importante: acolhê-los.

Quando nos conhecemos e viramos nossos melhores amigos, o corpo e a alma falam e nós escutamos. As bandeiras vermelhas são respeitadas e nos enchemos de valores importantes, como dignidade, fé, amor-próprio e coragem. Esse é o primeiro passo para uma grande mudança necessária em sua vida.

Ação do coração

Eis o significado etimológico da palavra Coragem, e que vem do latim Coratium (cor, coração/ atium, ação). Os antigos acreditavam que era no coração que a coragem se alojava. Deve ser mesmo. Mas, para ouvi-lo, precisamos, primeiro, do autoconhecimento. A coragem não alcança quem não se ouve, quem não sabe de si mais do que os outros. Quantas vezes sentimos que é preciso mudar, mas não o fazemos porque a mãe, o marido, a amiga disse que seria muito arriscado? E continuamos infelizes, nadando em um aquário de águas turvas.

Ser corajoso não significa ser impulsivo. Não tem a ver com correr riscos desnecessários. Coragem é respeitar o que o seu coração fala e agir neste sentido. Perdemos tempo calando nossa voz interior com reclamações. Agir com coragem é parar para ouvir o que dizemos a nós mesmos por meio dos sonhos, do pescoço tenso, da enxaqueca, daquela dor de estômago e das inesperadas crises de pânico; o que dizemos a nós mesmos por meio da intuição. “O correr da vida embrulha tudo”. Não é mesmo? Mais um pouco de Guimarães Rosa.

Quando conseguimos parar para nos ouvir e acolhemos o alerta da mudança, estamos caminhando para que ela aconteça.

Não salte sem paraquedas

Ou salte. Entretanto, o mais recomendado é planejar as grandes mudanças da sua vida, principalmente se elas podem te deixar vulnerável em algum aspecto. Passamos anos das nossas vidas planejando objetivos, metas, ações, riscos e custos das organizações para as quais trabalhamos ou as quais lideramos e não nos damos conta de que podemos fazer o mesmo para uma mudança de caminho em nossa vida pessoal.

Estabeleça uma missão, uma visão de futuro, objetivos, metas, ações, prazos e custos para fazer a mudança necessária. Isso já vai te ajudar a passar pelo processo com menos ansiedade. É clichê, mas é importante: saber onde está e aonde quer chegar é fundamental.

Ok, às vezes sabemos disso, mas não temos ideia do que fazer no meio do caminho. Use técnicas de planejamento estratégico. Analise suas forças e fraquezas, ameaças e oportunidades que não dependem de você; estabeleça valores e metas para a sua nova vida; identifique quais são as ações necessárias para fazer a virada; estabeleça prazos exequíveis; identifique pessoas que podem te ajudar nessas ações; e, se demandar investimento, projete quais são os custos para isso e como você vai fazer para viabilizá-los.

E saiba:

“…o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou”.

(Guimarães Rosa é como a coragem: nunca basta).

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Kadydja Albuquerque é sócia do Conversa Estratégias de Comunicação Integrada e especialista em Novas Tecnologias e Gestão da Comunicação nas Organizações